Críticos da vacinação tem assumido uma grande variedade de posições e sabemos que os grupos anti-vacina existem desde o seu surgimento. Porém, nos últimos anos, com a maior divulgação de dados, a sociedade tem sido bombardeada com todo tipo de informação, inclusive as difamatórias, que muitas vezes não correspondem a verdade dos fatos.
O fato mais recente e mais conhecido, e que fortaleceu os grupos anti-vacinas em todo o mundo, se iniciou em 1998, com a publicação do artigo do médico britânico Andrew Wakefield. Nesta publicação, ele denunciou, alegando que havia descoberto a possível relação entre doença intestinal, autismo e a vacina tríplice viral. E, alguns anos depois, o mesmo autor alegou que a vacina não foi apropriadamente testada antes de ser lançada no mercado. Nesse período, baseados nessas publicações e fomentados por intensa divulgação na mídia, gerando debates e protestos em todo o mundo, houve aumento e fortalecimento dos grupos anti-vacinas formados na Europa e Estados Unidos. O resultado foi o aumento da desinformação sobre a segurança da vacina, menor numero de crianças vacinadas.
No entanto, em 2010, quando a revista LANCET (onde o estudo foi inicialmente publicado) se retratou após intensa investigação do The General Medical Council, um regulador independente de médicos no Reino Unido, Wakefield foi processado e banido da prática médica após o término desse processo. Logo em 2011, o jornalista Brian Deer, em uma série de reportagens publicadas no British Medical Journal (BMJ), trouxe claras evidências que Wakefield cometeu fraude científica falsificando dados e recebendo financiamento para divulgação dos mesmos.
Infelizmente, esse processo durou treze anos e a polêmica sobre este tema se mantém até os dias de hoje. Essa trajetória e suas repercussões sempre nos assombraram e nos trazem a grande reflexão sobre o nosso papel como divulgadores de ciência, das boas práticas de saúde e, primordialmente, dos padrões éticos que norteiam nosso dia a dia.
Por isso colegas, neste mês em que celebramos o Dia Mundial da Imunização, pelo nosso trabalho e dos milhares de pesquisadores da área, vamos continuar a incentivar a prática da ciência com ética e os nossos pacientes a se vacinarem!