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NOVEMBRO AZUL: Saúde reprodutiva masculina e as doenças reumáticas

NOVEMBRO AZUL: Saúde reprodutiva masculina e as doenças reumáticas

Pacientes homens com doenças reumáticas imunomediadas podem apresentar redução de fertilidade - sendo esta associada a múltiplos fatores como atividade de doença, tratamentos utilizados e disfunção sexual. Tanto os fatores relacionados às doenças quanto as respostas psicológicas às doenças crônicas podem prejudicar o funcionamento sexual.

Os problemas sexuais entre pacientes com doenças crônicas são comuns e muitas vezes aumentam com a duração da doença. A avaliação da função sexual inclui avaliação de frequência da relação sexual e desejo sexual, excitação, orgasmo e satisfação sexual. Apesar dos problemas serem frequentes, a saúde sexual raramente é abordada pelos profissionais de saúde e raramente é relatada espontaneamente pelos pacientes.

Na artrite reumatoide (AR) a falta de mobilidade articular e a dor muscular podem ser fatores que limitam a atividade sexual. Em um estudo com 231 pacientes com AR, aproximadamente 54% dos homens relataram algum tipo de disfunção sexual. A disfunção erétil em homens foi relacionada à atividade da doença, dor e fadiga (El Miedany, Y., El Gaafary, M., El Aroussy, N., Youssef, S. & Ahmed, I. Sexual dysfunction in rheumatoid arthritis patients: arthritis and beyond. Clin. Rheumatol. 31, 601–606 (2012)). Dados semelhantes são descritos na espondilite anquilosante.

A taxa de disfunção gonadal e sexual também é aumentada em homens com Lúpus eritematoso sistêmico (LES). Redução da libido, disfunção erétil e ejaculação precoce são mais relatados nesta população (Silva, C. A. et al. Reproductive health in male systemic lupus erythematosus. Bras. J. Rheumatol. 49, 207–222 (2009)). Já foi descrito também, em homens com LES, anticorpos anti-espermatozóides que podem reduzir a motilidade e função dos espermatozoides.

Em homens, as principais medicações associadas a redução da fertilidade são a ciclofosfamida e a sulfassalazina. Já os dados sobre um possível efeito do metotrexato na fertilidade masculina são conflitantes. Em relação aos imunobiológicos, nenhuma anormalidade quantitativa ou qualitativa dos espermatozoides observada em homens tratados a curto ou longo prazo com infliximabe, adalimumabe ou etanercepte. O uso de corticoide pode reduzir os níveis de testosterona, influenciando na libido masculina. Há poucos estudos sobre o uso contínuo de antiinflamatórios não esteroidais (AINH) - já tendo sido demonstrado redução no volume seminal, concentração de espermatozoides, qualidade e motilidade em pacientes com uso de AINH por mais de 6 meses ( Martini, A. C. et al. Analysis of semen from patients chronically treated with low or moderate doses of aspirin-like drugs. Fertil. Steril. 80, 221 (2003).

A disfunção sexual pode criar frustração e angústia e, se crônica, levar à ansiedade e depressão. Por isso, é de extrema importância que o paciente procure acompanhamento adequado, relatando os sintomas relacionados, e que o reumatologista esteja capacitado a identificar e orientar quanto ao tratamento e acompanhamento.

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